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segunda-feira, 21 de outubro de 2013

Jornalismo investigativo: O fato por trás da notícia

Olá,

O post de hoje é o segundo da série sobre o jornalismo investigativo. Para ler de novo o primeiro clique aqui. Na semana passada também falei sobre a Conferência Global de Jornalismo Investigativo, que aconteceu na PUC-Rio, clique aqui . Hoje é sobre o livro de Cleofe Monteiro, Jornalismo Investigativo : O fato por trás da notícia. É um livro que mostra como é a rotina dos repórteres nessa área além de discutir questões teóricas.

Cleofe Monteiro rompe limitação na conceituação de jornalismo investigativo. Para ele, denúncia não tem nada a ver com o jornalismo investigativo.
No jornalismo investigativo as pistas, por menores que sejam, podem nos levar a grandes notícias. A apuração é a chave da investigação, é na pergunta bem feita que as pistas possam surgir. 
Cleofe fala de alguns pontos presentes no livro do autor do post passado, Leandro Fortes, quando mostra a observação dos fatos cotidianos que levam a investigação jornalística. As pequenas contradições do cotidiano são um caminho para começar a investigar.
Para o autor, uma investigação sempre traz uma notícia inédita. A apuração é tão rigorosa que não existe outro caminho, o repórter vai descobrir uma notícia importante quando descobrir o que está procurando.
Quando o repórter está apurando na condição investigativa, deve existir um planejamento, tem que ter uma intimidade com o assunto. O repórter deve se preparar na sua proposta de pauta. Ele tem que ter um briefing do que vai apurar: ler, analisar e aprender mais sobre o assunto. Para entrevistar uma pessoa, o repórter deve ter certo grau de conhecimento sobre ela: o jornalismo investigativo tem esse pressuposto. 
O conhecimento prévio do fato para fazer a matéria. Além disso, o jornalista deve desenvolver um plano de ação e métodos durante a investigação que consiste em selecionar fontes, entrevistar as pessoas certas e uma fonte pré-selecionada. Especialistas sobre o tema que tenham estudos já produzidos. Saber o local onde vão buscar a informação. Saber onde vai buscar as fontes para comprovar a tese. 
Como Leandro Fortes citou no seu texto, métodos novos foram criados pelos repórteres do Watergate, que produziram muito material durante o processo. Os repórteres fizeram um arquivo, com pastas sobre os assuntos, que tinham documentos. Quando a matéria exigia um raciocínio mais amplo, era só consultar as fichas.
As matérias de jornalismo investigativo não são fáceis de serem produzidas, a apuração é excessiva e exaustiva. Não é uma apuração rápida, demanda tempo. Ele não é feito de um dia para o outro, exige um debruçar, persistência e paciência, já que o caso não vai ser descoberto logo de cara. 
O cruzamento de informações é de grande importância segundo Cleofe, checar as informações para ver se elas são verdadeiras. Pegar a mesma informação e ver as diferenças, fazer um conflito com as informações. Isso é uma forma de suspeitar, um exercício que deve ser feito sempre pelo jornalista. 
Cleofe passa os conceitos de jornalismo investigativo de outros autores em seu livro. Vemos a construção de cada autor sobre o que eles entendem de jornalismo investigativo. Informar sem se comprometer é uma característica do jornalismo investigativo. Em geral, é difícil não ter um desvio de padrão durante as investigações. Depois da investigação, o repórter deve reavaliar todo o material, para encontrar outros enfoques e ondulações e pode nem usar grande parte daquilo que apurou. 
É um tema que envolve assuntos complexos e deve ter reflexões. Como escrever? Estruturar o texto com começo, meio e fim, para não se perder em meio a tanto material. Há um planejamento para exprimir o que o repórter quer.
O texto jornalístico demanda leveza e  ir direto ao fato.
O conceito de noticiabilidade também está presente no livro. Para o autor, sâo fatos muito significativos que se transformam em notícias inéditas. Nesse sentido, esse fato tem alto grau de noticiabilidade. Procurar ver um assunto que gere controvérsias, que seja novo. É uma discussão teórica, além da notícia.
Outro tema que é tocado no livro é a solidão do repórter investigativo. A investigação vai demandar que o repórter investigue sozinho, que faça viagens, é um ato meio heroico . O contato com os colegas existe, mas esse tipo de jornalista exige mais dedicação e não existe outro caminho.
A concorrência com a TV existe no jornalismo impresso. Ela tem o encantamento da imagem. Os jornais tentam reduzir o texto informativo e trazer a imagem para o jornal, com tabelas, infográficos, relatórios... E diversos outros recursos que complementam a informação. Mas, por outro lado, não aprofunda e tira do leitor algumas informações.
Existe uma tendência nos dias atuais, a reportagem que vira livro. Já que existe muito material apurado, que muita vezes não é usado, o repórter pega o material excessivo e faz um livro.

Beijos,

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